“Metanoia.”

--

Escrevendo em escadas de incêndio,

riscando palavras,

arrastando correntes e olhares,

o que posso fazer mais?

Suspirando pesadamente,

trocando a noite pelo dia,

mais uma vez,

trocando o dia pela noite,

fazendo movimentos tensos.

Em meus olhos,

nada mais presta,

restam apenas pensamentos subversivos.

Furo o bloqueio do tédio,

como se todo o tédio da cidade,

estivesse entranhado em mim!

Sinto muito, ouso escrever,

pois já quase não falo sobre o que sinto.

Corro pela escada,

assumo a culpa por toda a baderna,

agindo como se a vida não bastasse,

mas não basta mesmo,

não como está.

Por isso, perco-me,

num labirinto de tinta,

que tonteia meus sentidos.

Então, encontro-me,

bem ali no fim.

--

--

Maria Eduarda Caldeira

pedaços da minha alma em poemas. | minha leitura de mundo encontra-se aqui.