“Metanoia.”
Escrevendo em escadas de incêndio,
riscando palavras,
arrastando correntes e olhares,
o que posso fazer mais?
Suspirando pesadamente,
trocando a noite pelo dia,
mais uma vez,
trocando o dia pela noite,
fazendo movimentos tensos.
Em meus olhos,
nada mais presta,
restam apenas pensamentos subversivos.
Furo o bloqueio do tédio,
como se todo o tédio da cidade,
estivesse entranhado em mim!
Sinto muito, ouso escrever,
pois já quase não falo sobre o que sinto.
Corro pela escada,
assumo a culpa por toda a baderna,
agindo como se a vida não bastasse,
mas não basta mesmo,
não como está.
Por isso, perco-me,
num labirinto de tinta,
que tonteia meus sentidos.
Então, encontro-me,
bem ali no fim.